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sexta-feira, 20 de junho de 2008

O sofrimento e a coragem dos refugiados


Para milhares de pessoas que todos os anos se vêem forçadas a fugir de suas casas, e partir, levando apenas alguns dos seus bens, para salvar a vida, é apenas o início de um longo combate. Depois de terem escapado da perseguição ou da guerra e de terem encontrado um local seguro, os refugiados têm ainda de superar enormes dificuldades para obter aquilo que a maior parte de nós considera como adquirido – uma escola, um emprego, habitação e cuidados de saúde.
Na altura em que celebramos o Dia Mundial para os Refugiados, mais de metade dos refugiados dos quais o ACNUR se ocupa, em nível mundial, passaram mais de cinco anos no exílio. Este dia lembra-nos que temos a responsabilidade de manter viva a esperança de todos aqueles que mais dela necessitam, ou seja, os milhões de refugiados e deslocados que ainda vivem no exílio.
A maior parte de nós nunca tem de enfrentar, na sua vida quotidiana, o terror, o medo, o conflito e a perseguição que obrigaram milhões de refugiados em todo o mundo a fugirem. Esquecemos facilmente que, na sua maioria, os refugiados são pessoas como nós, que têm uma casa, uma família, um emprego e sonhos, e que são forçadas a tudo abandonar, na sua busca desesperada de segurança num meio desconhecido. Perante um futuro incerto, estas pessoas comuns têm de se armar de uma coragem extraordinária para sobreviver e para refazer a sua vida destruída.
Neste Dia Mundial dos Refugiados, rendemos homenagem ao espírito e à coragem dos milhões de refugiados no mundo. Muitos deles suportam enormes sofrimentos, sem perder a esperança, e encontram forças para superar o desespero e começar uma nova vida, apesar de tudo parecer estar contra eles. Podemos ser testemunhas da sua coragem, todos os dias, nos vastos campos de refugiados da Ásia e da África, onde famílias inteiras assistem a aulas para aprender novos ofícios, enquanto aguardam ansiosamente o dia em que poderão finalmente voltar para as suas casas e começar a refazer a sua vida e a reconstruir o seu país. Vemo-la no Afeganistão, em Angola, na Serra Leoa e em dezenas de outros países, onde milhões de refugiados regressam à sua pátria devastada pela guerra, com esperança no futuro. E vemo-la nas cidades, quer grandes quer pequenas, do mundo inteiro, onde os refugiados que não puderam voltar para os seus próprios países, insuflaram às comunidades que os acolheram uma nova vida e lhes trouxeram prosperidade e diversidade cultural.
Durante as últimas cinco décadas, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) teve o dever e o privilégio de ajudar mais de 50 milhões de pessoas desenraizadas a refazerem a sua vida destruída. Hoje, em 115 países, entre os quais figuram alguns dos lugares mais difíceis e perigosos do mundo, o pessoal do ACNUR ajuda cerca de 17 milhões de refugiados e outras pessoas pessoas necessitadas. Na sua nobre tarefa, também dá mostras de coragem, uma coragem indubitavelmente inspirada pelas pessoas a quem prestam auxílio. Como disse um responsável do ACNUR no terreno, no meio de uma crise, se os refugiados, que perderam tudo, não perdem a esperança, como podemos perdê-la nós? Os jovens refugiados precisam de ajuda. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados e outros organismos da ONU já fazem muito, por meio de programas educativos e de outros programas juvenis, para tornar as suas vidas mais realizadas, mais seguras e mais válidas. Mas, embora a ação humanitária possa ajudar a atenuar a dureza da sua existência, não pode ser um substituto de esforços sérios e continuados para encontrar soluções para os problemas que estão na origem da deslocação de populações.
Cada refugiado tem a sua história e cada perda é uma perda pessoal. Mas, neste Dia Mundial dos Refugiados, a coragem e perseverança de que dão provas, para superar a adversidade e construir um futuro melhor, devem ser uma fonte de inspiração para todos nós.

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